
Porque nós jamais teremos como pagar sua presença, seu carinho, sua preocupação para conosco, seu zêlo, seus conselhos, suas brincadeiras de "velha maluca" - ameaçando bater com pau de lenha nos "zuretas" (visitas - primos ou namoradinhas - que chegavam pela primeira vez no Rio Claro) e que ficavam espavoridos de medo, porque uma tal de velha doida invadia a fazenda com eles lá dentro, ficava brava, pulava que nem cabrito na sala e ameaçava dar um cacete em todo mundo ali mesmo, caso não lhe dessem comida e pinga da boa.
Era tudo encenado, mas a zuretada não sabia de nada. Tia Lena batia na porta da fazenda de noite. Pedia um prato de comida para a Lelena, que ia abrir a porta para ver quem era. Mas a velha maluca empurrava a Lelena no chão e invadia a casa. Os primos se reuniam para expulsá-la e aí encenavam uma baita briga com a velha (para desespero das visitas que pensavam que era tudo verdade).
Berravam que ia chamar a polícia se a velha não saísse já daquela casa. Mas a velha era braba e malcriada! Xingava de volta, jogava no chão os paus de lenha que trazia nas costas, dava uns pulos em cima deles furiosa da vida, pegava um cacete e enfrentava a sobrinhada no grito e no ameaço, para desespero da torcida que nada sabia. Só no final é que Tia Lena tirava a peruca, a meia de seda da cabeça, a roupa de mendigo e se apresentava para as visitas, dando-lhes as boas vindas para todos na Fazenda Rio Claro. Mas até aí, umas já tinham chorado de medo e outros já tinham mijado nas calças.
Bons tempos aqueles, Tia Lena! A gente era feliz e não sabia.
Entrada para a Fazenda Rio Claro.
Oi, Tia Lena! A senhora e o Tio Hugo montam uma Fazenda Rio Claro prá gente aí no céu?...
Nenhum comentário:
Postar um comentário